Wladislau Garcia Gomes, Homem de nosso passado

Wladislau Garcia Gomes (Dr. Zico) e a esposa, Feliciana Teodoro de Mendonça (D. Branca)

Paranaíba se ressente ainda hoje de homens IDEALISTAS e INTELECTUAIS. Rememora-se, hodierno, como ela se descobre cidade, através de sonhos e realizações de seus concidadãos, que no passado existiram vários. Mas em busca deste tempo perdido, como Proust o fez, encontra-se Wladislau Garcia Gomes, Dr. Zico, englobando todas estas características.

IDEALISTA: em sua limitação de cidadão paranaibense seguiu seus estudos em São Paulo, desde oito anos de idade; sempre motivado em ver Paranaíba alçar a condição de cidade evoluída. Quando iniciou sua vida política no antigo Mato Grosso, a primeira medida foi negociar com moradores de Sant’Anna do Paranahyba: em troca do pagamento de impostos construiriam calcadas e muros ao invés de deixarem seus terrenos separados por cerca de arame. Construiu a primeira usina hidroelétrica de Paranaíba, trazendo de São Paulo um engenheiro alemão, que não cumprindo trato inicial, ele mesmo termina sua construção. Em troca de sua candidatura a deputado estadual solicitou a criação da agencia dos correios, a rede de água, construção da Santa Casa. Como prefeito, solicitou em varias oportunidades a ponte que uniria Mato Grosso a São Paulo, e outras ideias especificas de um idealista, por exemplo, a referente a crise financeira do Brasil, que importava menos que exportava, com passar do tempo diminui-se a diferença entre estes polos, e sua preocupação com endividamento;  reservou o terreno da praça, que ia ininterrupto ate quarteirão do atual Banco do Brasil, onde deveriam ser construídas todas as instituições de uma comunidade humana brasileira (Fórum, Prefeitura, Câmara dos Vereadores, Teatro Municipal etc. Prédio da Prefeitura que anteriormente já doara terreno e fizera sua construção). Infelizmente depois dele vieram alcaides que fizeram doação destes terrenos em ação entre amigos…

INTELECTUAL: para que este ideário se realizasse, Wladislau Garcia Gomes utilizou de sua verve criativa instalando aqui o primeiro jornal paranaibense, e é por isso que relembramos a figura impar deste homem que no passado sonhou com uma grande cidade: a criação do jornal SANT’ANNA, como diretor, assina primeiro numero afirmando:

“O Brasil vem atravessando uma phase bem difícil na sua evolução social, nestes últimos tempos. E deveras notável a instabilidade de organização político-administrativa, na actualidade. E esta insegurança tem perniciosamente impressionada aos sociólogos patrícios e tem levado aos espíritos acepticos uma descrença desanimadora a respeito do futuro da raça.

E na verdade, parece mesmo que o nível cívico dos basileiros muito tem baixado ultimamente, na sua escala de valores. E comum, hoje em dia, ouvir-se expressões e presenciar attitudes que denotam o enfraquecimento lastimável da cohesão nacional. Os despeitos e as rivalidades tem tomado e aos poucos vão criando um intolerável antagonismo, entre zonas, Estados e ate municípios. E no scenario nebuloso da política nacional avulta e cresce a figura horrenda e disforme do separatismo.

Os brasileiros devem combater com energia e patriotismo a esta falsa mentalidade que ameaça destruir a integridade physica e moral da pátria. As suas tradicções, a sua evolução histórica exigem que continuem a sombra da mesma bandeira e ao som do mesmo hymno. A união indissolúvel de todos os brasileiros foi o grande sonho das gerações passadas que souberam legar a posteridade, uma pátria unida e forte.        

E necessário ser digno de tão valorosos antepassados . Não se deve destruir a obra graciosa que construíram com amor e com sacrifício… “

Pela posição geográfica, desta cidade (entrada dos bandeirantes em Mato Grosso, divisa com três estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais, Goiás (recordando que Aparecida do Taboado, Inocência, Cassilândia faziam parte do Município). Escreve sua historia desde a vinda Jose Garcia Leal e seus 12 irmãos, de Minas Gerais, ao chegarem aqui instalaram-se na Vila, na região Raimundo, com terras frescas e muito produtivas. Foi a esposa de Jose Garcia que doou a imagem Nossa Senhora Sant’Anna, a Igrejinha local. Possuidor de grande oratória fez discursos memoráveis, tal quando criou a escola Reunidas, escola Gynasium em que reverenciou a juventude paranaibense. Ou como pai amoroso escreveu a sua filha mais velha Celia, quando completou 15 anos:

“A juventude e decantada em versos em toda cultura”

ou quando brincando com ditos populares:

“Água mole em pedra dura, tanto bate ate que…  espirra longe”, ao invés de “até que fura”.

HOMEM DE NOSSO PASSADO: Assim entendemos Wladislau Garcia Gomes, homem de nosso passado. Entre tantos que viveram neste rincão coube a ele a tarefa de nos representar neste tempo (1905-1951). Urge a necessidade de reverenciar a fibra de um brasileiro, que na Solidão Arida de uma comunidade desprovida de espírito intelectualizado, (único a lhe fazer companhia intelectual era Dr. Alberto, medico que se dedicara a permanecer em nossa cidade) procurou-se adaptar ao meio em que sempre fez crescer. Admite-se que não foi tarefa fácil: ver que seus confrades permaneciam na ignorância do analfabetismo, ou na pouca intelectualidade, e aguardar o crescimento que só viria depois, muito tempo depois. Mas, ainda hoje precisamos de seu arrojo a nortear nossos jovens, de sua verve para expandir nossa historia, de seu idealismo para não deixar impune as transgressões que fazem aos bens públicos.

E Dr. Zico, coube a nós, historiadores de um tempo remoto de Paranaíba, acreditar que o passado tem poder de levantar o véu do esquecimento e colocar em voga o ideário de homens que vivenciaram aquele momento, e aguardam em espírito o crescimento de uma comunidade pequena, incrustada na entrada de um grande Estado Brasileiro: Mato Grosso. Hoje o rincão tão decantado faz parte de uma nova historia: completa Mato Grosso Do Sul, há novas cidades: Aparecida do Taboado, Inocência, Cassilândia; há novas Universidades – UEMS, UFMS, FIPAR; há comercio desenvolvendo e indústria nascente; há aparelhamento judiciário, legislativo, executivo; há, enfim uma comunidade que ressurge de um grito que ecoa entre nos QUANDO VEREI PARANAIBA DESENVOLVIDA???

Ainda falta muito! Mas comparado com progresso esperado dir-se-ia que so agora, o desenvolvimento físico esperado no passado, se concretizou. Indaga-se e o desenvolvimento intelectual, moral, onde ficaram?

Nesta ânsia de vivenciar progresso de sua querida Sant’Anna do Paranayba, viveu períodos difíceis, e em seu papel desempenhado relembra figura histórica da escritora Sthendal, que diante de seus esforços e prefixando seu próprio futuro afirmou “ressaltarão da história de Paranaíba fragmentos de minha alma, pedaços de meu coração. ”

Que o exemplo deste paranaibense, sempre jovem pois nos deixou aos 47 anos, incentive aos seus concidadãos a se colocar no papel de grande idealista e intelectual, e fazer jorrar o progresso social vindouro, de Paranaíba. Aguarda-se!

por Lídia Maria Garcia Gomes Tiago de Souza

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2 comentários em “Wladislau Garcia Gomes, Homem de nosso passado

  • 22 de novembro de 2022 em 17:12
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    Ele era descendente do português Fidélis Garcia? Meu bisavô paterno foi João Fidélis Garcia Gomes, filho de Fidélis(português) com Guilhermina(alagoana). Descobrindo a história da minha família rsrs.

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  • 15 de dezembro de 2023 em 21:35
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    Achei muito interessante esses dados de pesquisa, motivo meu pai José Garcia Gomes,e eu filho José Garcia Gonzaga,, nos não sabemos qual a orgim do nosso Garcia Gomes,nossa família é de Uberlândia

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